No dia 24 de março de 2012, embarcamos para nossa primeira viajem a Europa, escolhemos iniciar por Portugal, pela facilidade da língua e pelas raízes genealógicas. O tempo de planejamento foi bem longo, quase seis meses dedicado a leitura de livros, roteiros de amigos e pesquisa na internet, bate papo com amigos que já tinham viajado, até definir um roteiro ideal. Neste período também fomos procurando um casal que estava disposto a entrar na aventura. Assim, fechamos com Elias e Maria Lucia. A preocupação sobre como seria a viagem em termos do grupo nunca existiu, somos amigos há muitos anos, Maria Lucia e Elias conheço desde a época de estudante em Ouro Preto e a afinidade sempre existiu.
Do Brasil alugamos o
carro e reservamos alguns hotéis em pontos onde tínhamos a certeza que
passaríamos, mais deixamos alguns dias sem marcação, o que não causou nenhum
problema. O aluguel do carro compensa comentar, pois alugamos num preço muito
bom, por indicação de um filho de uma portuguesa amiga da Maria Lucia e Elias.
Trata-se de um site que reúne pequenas locadoras em alguns países na Europa, e
com isso conseguem ter preços bem convidativos. Em um primeiro momento ficamos
apreensivos, mais tudo deu certo e o preço ficou cerca de 50% mais barato do
que uma “renta car.” de nome. O carro alugado, SKODA Fabia Brek, que nos
atendeu muito bem - http://www.direct2carrentals.com/
Nossa viagem começou por Belo
Horizonte num voo TAP partindo por volta das 23:00h, chegando a Lisboa 13:00h, de um
domingo ensolarado de céu azul, pegamos o carro no aeroporto e seguimos a viagem para Évora
onde dormimos duas noites.
Évora
Cidade Patrimônio
da Humanidade pela UNESCO, rodeada por muralhas e belos monumentos. Aqui se
toma contato com monumentos construídos pelos romanos quando ocuparam esta
parte de Portugal - templo romano de Évora ou Templo de Diana (deusa da
caça) foi edificado no século III A.C. para homenagear o Imperador Romano César
Augusto. Visita à Igreja
de São Francisco, um dos
últimos e imponentes edifícios da Dinastia Avis, conhecida pela mistura entre
os estilos gótico e manuelino. Visita à Capela dos Ossos, situada na Igreja de São Francisco,
conhecida pela famosa frase escrita à entrada "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos" (Eu hem, tô fora!!!).
Depois de um
passeio descontraído pela Praça do Giraldo escolhemos o "Restaurante Vinhos e Nozdois" onde saboreamos um bacalhau de primeira linha (bacalhau mediterrâneo) outro prato tradicional da região é “Secretos de Porco Preto” (prato típico de Évora). Pergunte para o Empregado de Mesa (lá não é garçom) como são criados os
porcos pretos de Évora. Aqui tomamos vinhos Cartuxa e um Floral de Évora e nos
hospedamos em um hotel da rede Íbis que fica bem localizado, bem próximo a uma
das entradas da muralha.
Saímos de Évora pegando
uma estrada que segue pelo Alentejo no rumo leste, o destino era a Serra da
Estrela, onde a viagem reservava um dos encontros mais esperados, o famoso
queijo da Serra da Estrela, melhor do mundo, com a cachaça fabricada pelo
Elias, a melhor do Brasil. Antes, porém guardamos um tempo para conhecer Monsaraz, Arraiolos e Extremoz.
Monsaraz
Seguindo
para a Serra da Estrela, procuramos seguir por estradas vicinais ou secundárias
para conhecer os pequenos povoados que estão as margens destas estradas e que
não se consegue ver circulando pelas autopistas.
Neste
caminho, paramos para conhecer as árvores de onde se extrai a cortiça
(Sobreira) muito comum no Alentejo, apreciar as cerejeiras que estavam floridas
e uma parada para um lanche numa
plantação de Oliveira – foi um farofando no Alentejo(presunto cru, pães
deliciosos e uma caixinha de vinho para quem não estava dirigindo). Sobre a cortiça tivemos uma verdadeira aula no
Porto, quando encontramos um sobrinho do Elias, João Marcos, que nos falou
sobre a cortiça, “A extração da cortiça não é prejudicial à árvore, uma vez que
esta volta a produzir nova camada de "casca" com idêntica espessura,
a cada 8 - 10 anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento”.
Cidadezinha cravada nas encostas
da Serra da Estrela no vale Glaciar do Zêzere onde neva no inverno. Esta região possui uma beleza marcante, lá estão às maiores altitudes
de Portugal, integrada no Parque Natural
da Serra da Estrela, onde se pode apreciar neve, uma fauna e flora
extraordinárias. Nosso trajeto seguiu pelo lado sudeste da serra passando por Covilhã,
cidade que está localizada no pé da serra numa cota de aproximadamente 500 m,
em relação ao nível do mar, a subida é rápida chegando a 1993 metros no
Castelo. A cidade de Manteigas, onde nos hospedamos cota é 1500m. A natureza é exuberante onde
os paredões de rochas graníticas formam um vale em forma de “U” muito
característico de paisagem modelada pelo gelo. Outro detalhe que chamou a
atenção foi um grande número de senhoras vestidas de preto, incluído véu e vestidos
compridos, viúvas, de luto eterno. O hotel que ficamos chama- se Hotel Albergaria Berne simples mais confortável, com proprietários simpaticos
Peso da Régua
Foi a parada seguinte,
cidade encravada no vale do rio Douro, onde se produz os vinhos do porto, todo
o vale é ocupado por videiras. Andando pela cidade conhecemos no museu do vinho do Porto uma exposição em homenagem a Dona Antônia Adelaide Ferreira uma
lendária portuguesa que é um símbolo da marca Ferreira. Jantamos no restaurante
“O MALEIRO” como sempre escolhemos pela
simpatia e boa prosa do proprietário, certamente correndo o olho pela cozinha,
escolhemos um bacalhau assado com batatas ao murro. Nesta cidade hospedamos no
Hotel Régua Douro localizado às margens do
rio, tem bom café da manhã e quartos de boa qualidade.
Guimarães
A cidade é considerada o berço da Nação, região do Minho, onde se produz
vinho Verde, terra do rei D. Afonso Henriques, de fato uma cidade muito
charmosa, também é a origem da família do meu amor, que ficou encantada. Lá
vale a pena visitar: o Largo do Toural, Largo do Franco, Palácio dos Duques de
Bragança, Capela de São Miguel, o Castelo de Guimarães e passear pelo centro
histórico. Em Guimarães conhecemos o famoso sanduiche Francesinha, cuja receita
esta publicado neste blog. Hospedamos-nos
no Hotel Toural, bem no centro da cidade.
Deixando Guimarães passamos por Braga, capital da região do Minho e centro religioso mais antigo do País. Estávamos na semana que antecede a semana santa e a cidade estava preparada para celebrar este momento religioso. Visitas ao Santuário do Bom Jesus, ao Castelo e Jardins de Santa Bárbara, à Catedral e ao centro histórico.
Seguimos neste dia para nosso destino que era
pernoitar em Santiago de Compostela. Naquele dia o sol brilhava, e o céu de um
azul fantástico, porém o vento dava uma sensação térmica de uns 10°C. Neste
caminho paramos para um lanche em Ponte de Lima que fica no vale do rio Lima, a
Ponte que empresta o nome a pequena cidade foi construída pelos romanos e desde
a idade média constituía um dos pontos escolhidos pelos peregrinos que seguiam
em direção a Santiago de Compostela.
Santiago de Compostela
Centro
religioso de peregrinação desde o século IX, quando foi descoberto o túmulo do
apóstolo São Tiago. A cidade nos surpreendeu, certamente vale a pena ficar pelo
menos dois dias neste local, além da visitar à Catedral , ficar observando
romeiros na chegada da peregrinação. A
noite guarda um movimento fantástico, os bares agitados, as pequenas bodegas
tomadas por pessoas da cidade tomando vinho acompanhado de “tapas” muito
saborosos. A nossa peregrinação começou por
uma pequena bodega "GATO PRETO”, regado ao vinho da casa, armazenado em barris
de carvalho e terminou em cerveja, já na madrugada, num bar mais agitado, no calçadão que
circunda a parte mais antiga da cidade, começa a escurecer muito tarde, após às
21:00 horas, o que nos faz perder a noção do tempo. Hospedamos no Hotel Herradura,
nada de muito luxo, mas bem aconchegante e um café da manhã bem gostoso. Detalhe: reserve um tempo para andar pelo mercado da cidade.
No retorno a
Portugal com parada em Pontevedra e Vigo na Espanha, e Caminha em Portugal, até chegar ao nosso destino, Cidade do Porto.
Porto
Na cidade do Porto ficamos três dias, de fato não curti a cidade como
queria, pois o frio, o clima seco e os polens do início da primavera impuseram
uma bela crise de renite alérgica que me deixou amoado. Mesmo assim iniciamos
nosso passeio fazendo um city tour
com a Carristur (http://www.carristur.pt/turismo/pt/2), visita panorâmica pelo centro
histórico da Cidade do Porto, conhecendo os seus mais belos monumentos e a sua
história. Passamos depois para a Zona da Boavista, a Casa da Música e, mais à
frente, os belos jardins de Serralves, com a arquitetura do Museu de Arte
Contemporânea. O passeio continua pelas bonitas praias junto à Foz do Douro e
pela marginal ribeirinha, onde pode ser visitado o Museu do Carro Eléctrico.
No dia
seguinte, era um domingo de abril, e fomos visitar o sobrinho do Elias que nos
recebeu nos oferecendo um belo almoço regado a bacalhau na brasa e vinho da
região do Alentejo depois do almoço saímos, tendo o João Marcos como guia que
nos levou a uma praia, Espinho, onde paramos para um café no calçadão da orla.
No ultimo
dia que ficamos no Porto, fizemos um passeio de barco pelo rio Douro e depois
atravessamos o rio até Vila Nova de Gaia, onde visitamos uma cave para provar o
famoso Vinho do Porto. Uma boa pedida é
sentar num restaurante no calçadão a beira do Douro, na caída da tarde quando
as luzes da cidade começam a acender, apreciando a chegada da lua e degustando
um vinho da casa, acompanhado de bolinhos de bacalhau.
Aveiro
Saímos do Porto pela estrada que vai paralela ao mar e fomos até São
Jacinto onde existe uma travessia de balsa para Aveiro. Paramos, demos uma
volta na cidade e resolvemos almoçar, uma grata surpresa, um pequeno restaurante
servindo frutos do mar que nos proporcionou uma bela refeição. Chegamos a
Aveiro no meio da tarde e nos hospedamos
no Hotel Aveiro Palace, nota dez, uma vista fantástica para os canais da cidade
que também é conhecida como a “Veneza Portuguesa”. A cidade merece ser visita. Comemos o famoso doce de
“ovos moles”, não gostamos, é meio enjoativo, passeamos pelos canais nos barcos
que imitam gôndolas.
Coimbra passando por Mealhada
No caminho de Coimbra uma das coincidências da
viagem, encontramos por acaso o restaurante que saímos do Brasil como indicação. A cidade
de Malheada, tem como “Leitão a
Barrada” como o iguaria tradicional. Porém queríamos encontrar um restaurante que o Elias teve a indicação, ainda no Brasil, registre-se que falava
regularmente todos os dias desde o inicio da viagem, porém não sabíamos a
localização e lá encontramos o”Pedro dos Leitões”, um restaurante que serve o
leitão assado na brasa e você compra no quilo, comemos um quilo e meio e estava muito bom, a indicação valeu.
Em Coimbra
visitamos a Universidade fundada em 1290,
a biblioteca, passamos pelo aqueduto e
andamos, sob um vento muito frio, por suas ruas estreitas,
pátios, escadinhas, arcos medievais e pelas Igrejas da Sé Velha e Nova.
Encontramos um grupo de estudantes com suas
tradicionais becas e jantamos no “Restaurante Taberninha”. O proprietário Sr.
Armando é de uma simpatia a toda prova, logo que chegamos se prontificou a nos
servir bolinhos de bacalhau dizendo, que brasileiros gostam de bolinhos
quentes, fritos na hora e assim o fez.
Fátima
O dia seguinte foi de fé, fomos a Fátima no Santuário um tempo para agradecer a Nossa senhora pela viagem, pelos amigos e inimigos, pela paz, enfim agradecer pela vida.
Óbidos
Chegamos a Óbidos, numa tarde que caia uma leve garoa, minha alergia deu trégua e consegui curtir uma bela cidadela, erguida no século XIV, cercada por muralha, um charme todo especial. Ficamos hospedados no Hotel Real D ‘ Óbidos que é decorado com peças medievais, além de que os empregados apresentam-se vestidos a caráter. Na parte interna da muralha , andamos pelos becos, entramos em cafés, bares, tomamos um licor regional “Licor de Ginja”. Na porta da Vila belos azulejos e uma capela-oratório com a inscrição “A virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original”. Terminamos a noite no salão do hotel acompanhada de mais uma garrafa vinho, queijos e presuntos crus.
Batalha
Neste mesmo dia seguimos poucos quilômetros e paramos na cidade de Batalha. O mosteiro da Batalha, construído pelos dominicanos, maravilhoso esculpido em arenito compacto, formando um conjunto arquitetônico gótico ou manuelino fantástico. Como já era por volta das 14:00 h resolvemos procurar um lugar para almoçar. Paramos em frente ao “Restaurante Vitória”, desconfiados, como todo mineiro, observamos, espiamos e resolvemos entrar – mais uma das gratas surpresas positivas, na simplicidade do prédio a delicia da comida e um vinho da casa dos melhores.
Lisboa
O fim da viagem
foi em Lisboa, onde ficamos 4 dias, nos hospedamos em um Hotel da rede Sana,
como era semana santa a cidade estava lotada. Mesmo assim foi possível apreciar a arquitetura de uma cidade que impressiona: o belo prédio do mosteiro dos Jerônimos, sem entrar,
pois a fila estava muito grande, beber um vinho no Chiado junto da estátua de
Fernando Pessoa, jantar na Lisboa Alta ouvindo um belo Fado, andar pela Rua do
Comercio, Rua Augusta, subir no elevador Santa Justa e pela Praça do Rossio,
comendo doces e pasteis portugueses. Visitar a Catedral, o Castelo de
São Jorge e a Igreja de Santo Antônio (casa onde ele nasceu).
Em seguida visitamos: o Museu do Azulejo e o Oceanário (vale a pena visitar, um aquário maravilhoso), andamos pela Cidade Alta, Alfama, Chiado, a bica do sapato que fica perto das docas, passamos pela cafeteria "A Brasileira" local preferido do poeta Fernando Pessoa, almoçamos na cervejaria Trindade e fomos a duas casas noturnas para ouvir o Fado, a melhor foi “ Guitarras de Lisboa”, localizada no bairro da Alfama, no beco do Melo, uma casa muito agradável tocando um fado mais descontraído, também vale a pena sair à procura de lugares que tocam o “fado vadio” é menos formal e mais gostoso de ouvir.
Aproveitamos um dia e fomos de trem (comboio) a Sintra, bem perto de Lisboa e uma cidade bem agradável, com Castelos maravilhosos.
Mais um lembrete não se esqueça de passar pelos correios para pagar os pedágios que registram em meio eletrônico basta a placa do veiculo.
FIM de uma bela viagem
2 comentários:
Adorei as fotos! Meu marido passou 6 meses em Évora. Fez parte da graduação lá!
sem comentários pois é tudo de bom em termos de cidade hospitaleira e com uma história em cada canto e com mil encantos em cada bar e em cada lar. quem dera lá viver e curtir os amores dos que fizeram das dores o seu entender e a liberdade.
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